Vira-lata: a beleza de ser único (e muitos!)

Adão e seu cão (lobo já domesticado, mestiço
de husk, talvez. A origem dos vira-latas?)

Mestiço, Pé-duro, Rafeiro, Sem raça, Vira-lata. Pelo Brasil afora, nosso amado Vira-lata tem todos esses nomes. Em textos mais cultos, acadêmicos, jornalísticos, eles são denominados cães SRD – sem raça definida.

O termo vira-lata deriva do fato de muitos desses animais, quando abandonados, serem comumente vistos andando famintos pelas ruas, revirando latas de resíduos, de lixo, à procura de algum alimento. A quem já use a expressão rasga-saco, uma vez que o lixo ultimamente tem sido acondicionado em sacos plásticos.

Para ser um legítimo Vira-lata, basta que haja uma cruza de dois animais de raças distintas. O filhote, inevitavelmente, já será um puro Vira-latinha. Talvez movidas por um preconceito descabido, algumas pessoas chamam esse filhote nascido do cruzamento de pais de raças diferentes, de mestiço, numa tentativa de negar a origem do pequeno. Mas, o fato é que os cães mestiços são considerados sem raça definida, descendentes de diferentes raças, ou seja, Vira-latas.

Os SRD, cães e gatos que não têm origem definidas, não são rotulados e não têm suas características principais massificadas por um certificado, emitido por entidades oficiais, atestando a ascendência do animal. É o que elas chamam de pedigree.

Pela orla de Copacabana (RJ), a tutora
exibe com orgulho a sua vira-lata para
o Bichos de Companhia

MODA - Um dos aspectos mais interessantes do vira-lata é a sua variedade. Encontram-se SRDs de todas as cores e tipos, de todos os temperamentos. Ainda existem algumas características que são muito comuns, como o fato de que costumam ser muito inteligentes e afetuosos. O dia a dia tem mostrado que os animais, ditos SRD, resgatados das ruas têm um temperamento mais dócil, companheiro e vigilante que os outros cães e gatos que não passaram pela dureza das ruas.

Preconceitos descabidos cercam os vira-latas
No Brasil, por exemplo, nem se justificaria
tanto preconceito, afinal, nós brasileiros
somos todos vira-latas, resultado da mistura
de raças

Outro preconceito que cerca, sobretudo, os cães vira-latas é que seriam cães de gente pobre. Mas isso parece que, felizmente, está caindo por terra e ficando lá no passado. Hoje em dia, é muito comum (pra alegria do Bichos de Companhia) ver vira-latas passeando com seus tutores, em coleiras e guias, em muitas cidades brasileiras, em parques, ruas, praças e avenidas de bairros de classe média e até nobres. Em muitas capitais, ter um vira-lata virou moda. E que essa moda pegue...

Gatos abandonados no parque do Flamengo, no Rio

COMPANHEIRISMO - De tudo isso, destacamos a lealdade e companheirismo dos nossos vira-latas. Toda essa mistura de raças, o sofrimento nas ruas, como vítimas de maus-tratos e tantos preconceitos fazem desses cães – e dos gatos também, quando resgatados, eternamente agradecidos. E todo esse agradecimento se transforma na lealdade, na pureza do olhar típico de um vira-lata.

Não significa que os cães de raça não sejam companheiros leais. Também o são, e dependendo da criação responsável e afetuosa que tiverem por parte de seus tutores poderão se tornar tão sociáveis e amigos quanto um vira-lata.

SAÚDE - Quando se fala em saúde, os vira-latas também se destacam pela resistência, certamente, graças a anticorpos adquiridos na difícil fase vivida nas ruas. Mas isso não significa que não necessitem de vacinas e cuidados médico-veterinários. Assim como qualquer cão e gato, os vira-latinhas precisam ser vacinados anualmente (contra a raiva, contra a cinomose, a parvovirose e outras doenças muito sérias). E qualquer sinal de doença, deve ser levado a uma visita ao veterinário.

Todo esse cuidado será traduzido em beleza, esperteza, vivacidade únicas. Uma mistura de características de raças que o torna autêntico e exclusivo. Um vira-lata é um ser exclusivo. Você pode até encontrar outros parecidos, jamais iguais. O seu será único, só seu, com a capacidade exclusiva de lhe fazer a pessoa mais feliz do mundo, ao lado da sua família humana. E, diga-se de passagem, esse ser peludo é parte do seu clã, é o mais lindo do seu universo.

Mila, a eterna e amada vira-lata
do Bichos de Companhia

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