As fotos que ilustram esta postagem mostram cães militares em ação durante belíssima apresentação que encantou a todos os presentes na 2a cãominhada, ano passado, na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, pelo entrosamento das duplas e inteligência dos animais em executar as tarefas e descobrir as armadilhas criadas por bandidos, prestando serviços à sociedade
Os
labradores Narauto, Nark, Neon, Atos, Alva, Aziza, Alma e Angra e o casal de
pastores Odim e Anny vão a leilão proposto por edital divulgado pelo Estado de
Minas Gerais, através da Polícia Militar estadual (PMMG), corporação
representada no documento pelo Batalhão de Polícia de Eventos (BPE), no último mês
de março. A notícia ecoou além das montanhas de Minas na manchete “Dez cães
explorados pela Polícia Militar serão vendidos em Minas Gerais”, publicada pela
Agência de Notícias de Direitos Animais (Anda), no dia 09 de abril. E, já no
dia seguinte, foi alvo de nota de repúdio disseminada pelo Movimento Mineiro
pelos Direitos Animais.
Indignação
A indignação
tomou parte do sentimento e do discurso de boa parte dos defensores e ONGs de
proteção animal. Inclusive, o blog Bichos de Companhia coloca-se dentre esses
que se mostram indignados, estranha e lamenta a postura do estado e de uma
corporação que, deveriam ser exemplo e disseminar os conceitos de bem-estar e
guarda responsável de animal. A estranheza dessa atitude se respalda exatamente
no fato de que, até então, é de conhecimento de boa parte da população, pelo
menos de quem se interessa pelo assunto, do tratamento exemplar da PMMG para
com os seus animais, cavalos e cães em serviço. Assusta pensar que a partir do
momento que não têm mais serventia à corporação são dispensados, colocados na
vitrine, vendidos a quem oferecer o maior lance.
Cães que viveram
dias de heróis em trabalhos policiais ou que ainda poderiam vir a ser heróis
militares na descoberta de corpos sob escombros, de drogas escondidas por
traficantes, por prestarem serviços de grande importância à sociedade são
encarados como simples objetos e postos à venda “no estado em que se encontram”,
diz o edital.
E é este o
ponto. Quando o edital diz “no estado em que se encontram” de que estado se
refere? Qual a idade desses animais? Seriam animais jovens que foram, digamos,
reprovados para prestar serviços militares por quaisquer motivos? Ou seriam
animais idosos que foram descartados após anos de serviços militares prestados?
Não poderiam ter sido doados aos seus treinadores que, certamente, tinham uma
afinidade com eles e, por isso, poderiam gozar de sua aposentadoria, ou mesmo
de sua juventude, na companhia desses militares e de suas famílias humanas? Não poderiam ter sido buscadas alternativas e
apoio junto às ONGs de proteção animal sobre a melhor destinação, levando-se em
consideração o bem-estar desses animais?
Bens “inservíveis”
São muitas
as perguntas. E para o edital do governo de Minas e da PMMG que coloca esses
animais à venda, eles não passam de “10 (dez) bens inservíveis (cães),
constantes do rol de bens alienáveis indicados no anexo A deste edital, que
serão entregues no estado em que se encontram”. Destaque-se que por “inservíveis”
entende-se por “aquilo que não serve mais”.
Não serve
mais é posto à venda, do jeito que estão. Objetos. Seres vivos “inservíveis”,
que não servem mais são vendidos pela PMMG. Vender animal já é um ato
desprezível, porque animal, sobretudo aqueles ditos de estimação, são amigos,
companheiros do dia-a-dia de nossa família, e amigos a gente não compra. Ainda
mais, se pensarmos que milhares estão aí à procura de adotantes, e, muitos
morrem sem ter tido a chance de terem tido uma família humana. De raça ou sem
raça definida.
Procriação indiscriminada
Estariam
esses seres “inservíveis” à PMMG sendo vendidos, ao menos castrados, para
evitar que procriem indiscriminadamente nas mãos de criadores gananciosos e
gerem mais seres que venham a ser “inservíveis” e desprezados pela sociedade?
É por tudo
isso que o blog Bichos de Companhia se coloca veementemente contra essa atitude
proveniente do governo do estado de Minas Gerais e da PMMG e lamenta a publicação
infeliz desse edital de venda desses seres “inservíveis” a partir de lances
mínimos de R$ 100.
Abaixo,
destacamos opiniões de protetores e representantes da sociedade civil acerca do
assunto:
“É um
verdadeiro absurdo a publicação deste edital. Usar os cachorros como objetos.
Não têm mais serventia, vende. Como a PMMG se propõe a isso. É preciso buscar
alternativa, a exemplo de campanha de adoção com guarda responsável. Não tem
palavras que justifiquem isso. Não faz o menor sentido. Quais são as condições que
esses animais estão sendo colocados à venda? Estão castrados, vacinados,
vermifugados? É uma lástima ver este tipo de comportamento partir de uma
corporação que deveria servir de exemplo à sociedade”
Carla
Roberta Magnani, presidente da ONG SOS Bichos
“Como boa
parte dos protetores e da sociedade civil, estou também indignado. Animais que estão
trabalhando há anos na polícia, usados nas funções de auxílio nas operações
policiais, e dispensados como objetos disponíveis para venda. Não era isso que
esperávamos da PMMG. Em 30 anos na causa de proteção animal é a primeira vez
que ouço falar que um governador libere os animais para pregão público”
Franklin Oliveira,
presidente da ONG NFDA (Núcleo Fauna de Defesa Animal)
“Não sou
favorável à venda de animais porque não são objetos para se colocar para
vender. Neste caso específico, no entanto, entendo que a venda desses animais
da PMMG possa ajudar a selecionar um pouco melhor o perfil de quem vai
adquiri-los. Pelo menos seriam pessoas com mais condições de criá-los de acordo
com as suas necessidades específicas e cuidados básicos. Meu temor maior é
porque são animais de raças, como pastores alemães, que são muito visados pela
sociedade em geral como cães de segurança e possam ser jogados em lotes vagos,
depósitos de construção ou oficinas mecânicas para guardar esses locais e
permanecendo isolados, sozinhos, sem cuidados e afeto. Por isso, acredito que a
venda possa vir a coibir de alguma forma a aquisição desses animais por pessoas
que não tenham condições de criá-los e vá submetê-los às situações descritas”
Janine
Horta, jornalista
“Considerando-se
que o edital é legal, gostaríamos, pelo menos, que esses animais estivessem
castrados para evitar que caiam em mãos de criadores que os colocarão em ciclos
de reprodução para geração de crias, usados como matrizes reprodutivas para
novas vendas. O ideal é que esses animais fossem doados dentro da própria corporação
àqueles policiais que o acompanharam em treinamentos em ações policiais, que
foram seus companheiros durante um tempo e permanecem juntos. Sugiro que ao
invés de editais de venda, a corporação propusesse acordos com protetores e
ONGs de proteção animal em trabalhos conjuntos de adoção, divulgação de
conceitos de guarda responsável e encaminhamentos a lares temporários ou
definitivos”
Graça Leal,
blog Adoção BH
“A grande
questão por trás deste edital é a venda de animais. Somos contra o comércio de
animais, sobretudo, sem estarem castrados para serem colocados para reprodução
indiscriminada. Gostaríamos de saber o motivo pelo qual esses animais estão
sendo postos à venda. Seriam filhotes nascidos na corporação e que não têm
serventia à PMMG ou animais que já foram submetidos aos trabalhos militares,
sempre em condições máximas de estresse, conflito, trânsito caótico em horários
de pico, poluição e estariam sendo dispensados após passar por tudo isso e
também não servirem mais?”
Adriana
Cristina Araújo, presidente do Movimento
Mineiro pelos Direitos Animais
"Inadmissível a conduta da PMMG em relação ao leilão de cães que já não servem mais a esta Instituição. Os animais que serviram por anos ao Estado são tratados como meras mercadorias expostas em prateleiras. Sou contrária ao uso de animais para qualquer tipo de trabalho, e esse não é diferente. Os animais são expostos a perigos que atentam contra sua vida diariamente. Certamente, se pudessem escolher não estariam ali. E como se não bastasse subtrair a liberdade destes durante anos, ainda querem lucrar com a venda deles. Ganância e desrespeito a vida são escopos dessa ação"
Danielle de Paula, relações públicas
"Inadmissível a conduta da PMMG em relação ao leilão de cães que já não servem mais a esta Instituição. Os animais que serviram por anos ao Estado são tratados como meras mercadorias expostas em prateleiras. Sou contrária ao uso de animais para qualquer tipo de trabalho, e esse não é diferente. Os animais são expostos a perigos que atentam contra sua vida diariamente. Certamente, se pudessem escolher não estariam ali. E como se não bastasse subtrair a liberdade destes durante anos, ainda querem lucrar com a venda deles. Ganância e desrespeito a vida são escopos dessa ação"
Danielle de Paula, relações públicas
AINDA HÁ OUTRO FATOR, COMO SE TODOS COLOCADOS NO TEXTO FOSSEM POUCO. GERALMENTE, ESSES CÃES POLICIAIS SÃO DOADOS AOS BATALHÕES DA PM. ELES, PROVAVELMENTE, NÃO FORAM COMPRADOS, MAS AGORA SERÃO VENDIDOS! ESTOU ESTARRECIDA!!! NEM ESTÃO PREOCUPADOS COM QUEM VAI ARREMATAR E QUAIS AS INTENÇÕES DESTAS PESSOAS! AI, QUE RAIVA, MEU DEUS!!!
ResponderExcluirNão prestam prá nada, só servem prá dar despesa, vamos ganhar "algum" com eles!!! Uma pequena galinha de ouro mas que nas mãos de pessoas inescrupulosas podem ser de grande valor!!! Gostyaria de saber de quem foi a grande ideia, qual ser ignóbil pensou nessa maldade que foi acatada por todos. Além do mais como bem disse Anamaria Suarez, com certeza esses animais foram doados e agora serão vendidos! O inferno dos animais é conviver com o homem aqui na terra!
ResponderExcluirEsses animais que tantos serviços prestaram ao Estado, não fazem parte da coorporação? Não são considerados PMs? Eu tive um cão da PM que me foi dado, porque ele estava aposentado. Foi a coisa mais gratificante para quem gosta de animal. Apesar dele ter vindo lotado de carrapato (" no estado que ele se encontra"). ABSURDO!!!!!!! Não se pode fazer nada contra isso?
ResponderExcluir