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terça-feira, 22 de setembro de 2015

Diário de Bento, o bem-te-vi: um capítulo de reflexão sobre as relações humanas

E para você que está acompanhando a história do Bento, o bem-te-vi, abrimos mais uma página deste diário que é pura emoção...



Por Michelle Oliveira * 

Hoje, como temos feito todos os dias, soltamos o Bento na hora do almoço e eu comecei a observá-lo, chamando por seus pais e me embrenhei em meus mais íntimos pensamentos sobre algumas coisas,  questionamentos sobre afeto, esperança, amor, cuidado e tudo que envolve relacionamentos pessoais. Estranho isso, aprender sobre relações entre pessoas  com espécies tão distintas, coisas e sentimentos que para nós humanos deveriam ser tão naturais.

O chamado - Bento chama por seus pais que o atendem prontos e zelosos, por quê? Porque o amor é amplo e instintivo. Os pais do Bento o reconhecem como um dos seus e sabem que ele precisa de seus cuidados para entender quem ele é.

Não se trata de uma pesquisa cientifica sobre pássaros e suas características, mas de uma ave que, caída do ninho, não foi abandonada e, ao contrário, é cuidada todos os dias, aprendendo como ser um pássaro. Tenho vivido várias sensações desde o resgate do Bento e me surpreendido diariamente nessa relação de aprendizado contínuo.

Tenho entendido e compreendido que para amar não importa as diferenças, não importa a dificuldade para estar junto e nem o tempo que isso demore para acontecer, não interessa a distância e as limitações. Aprendi que amar é puro instinto, basta reconhecer no outro você.

E tem sido assim: vejo no Bento a mesma Fé que compartilho de que o final será feliz, me reconheço no seu desejo de querer ser livre e voar, na sua persistência de todos os dias mostrar que está ali a espera de afeto.

Todos os dias me apego à esperança que o instintivo amor dos pais de Bento o motivem a ir para junto deles. Que amanhã, na hora do almoço, o encontro com seus pais seja ainda mais inspirador pra nós, que possamos entender que jamais devemos deixar de amar e cuidar por mais diferentes que possamos parecer.

Não há razão para entender o que é amar... não existe racionalidade no amor.



Michelle Oliveira é designer, mãe postiça de um bem-te-vi filhote nas horas vagas e colunista convidada do Bichos de Companhia

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