Uma amiga de facebook postou a tristeza profunda de seus três filhos
diante do sofrimento da cadela da família, da raça pastor alemão (que não me
recordo o nome), que acabou morrendo. Outra família de amigos do Bichos de
Companhia fez de tudo, todos os exames e medicamentos possíveis para salvar a
vida do vira-latinha Chiquinho que acabou sendo nocauteado pela doença. O ponto
em comum dessas duas histórias fatais? A cinomose, doença considerada a maior
ameaça à saúde dos cachorros depois da raiva e, ainda, a mais terrível para os
cães enfrentarem e vencerem.
Prevenção
O alvo dessa doença são os cães adultos não vacinados e os
filhotes com menos de quatro meses de idade, exatamente porque, na maioria das
vezes, ainda não tomaram todas as três doses das vacinas necessárias para abrir
o ciclo vacinal. Os veterinários são categóricos ao afirmarem que a vacinação
anual dos adultos e vacinação completa dos filhotes é a melhor prevenção capaz
de proteger o seu cãopanheiro. Lembre-se: vacinação anual é igual a vacinar
todos os anos contra a cinomose e não apenas contra a raiva.
O problema é que, de acordo com a Sociedade Mundial de Proteção
Animal (WSPA), no Brasil apenas 25% dos cães são vacinados contra a cinomose
anualmente. Isso representa apenas 7 milhões de animais no país para uma
população canina estimada em 30 milhões.
“De cada cinco cães, apenas um é vacinado”, destaca o veterinário
Alexandre Verlengia, em vídeo da WSPA que fala da prevenção e tratamento da
doença.
União Contra a Cinomose: um guardião responsável mantém
as vacinas de seu cachorro em dia. Um cachorro não deve vacinar
somente contra a raiva
Doença
fora do calendário de saúde pública O fato de não ser uma zoonose,
ou seja, não ser uma doença transmissível ao ser humano, mantém distante a
preocupação das secretarias municipais e Ministério da Saúde sobre esse mal.
Isso agrava o problema, pois a população não recebe informações massificadas em
campanhas públicas de prevenção e, muitas pessoas só levam suas mascotes para
vacinar nas campanhas gratuitas de vacinação que são exclusivas contra a raiva,
uma doença que pode ser transmitida ao homem e, por isso, está inserida no
calendário oficial das autoridades sanitárias e dos governos.
Apesar de ser uma doença grave, nem todos os animais infectados
morrem. Ainda segundo estimativas levantadas pela WSPA, a taxa de mortalidade
varia de 25% a 75% entre os animais doentes. Ou seja, a resposta do animal ao
tratamento da cinomose é um fator preponderante na sua recuperação.
Doença
contagiosa A cinomose canina é uma
doença causada por um vírus chamado CDV (Canine Distemper Virus) ou,
aportuguesando, Vírus da Cinomose Canina (VCC)). Por ser transmitida por um vírus
é altamente contagiosa entre cães, não acomete os seres humanos que apenas podem
funcionar como transporte do vírus entre um animal infectado e outro sadio através
de roupas e sapatos, por exemplo. Por isso, a importância de se manter seu
animal vacinado anualmente.
O contágio se dá através da exposição ao vírus presente no ar
contido nas secreções respiratórias de um cão infectado, como saliva, e, ainda,
nas fezes. Todos os animais, independentemente de raça e idades, podem contrair
essa doença contagiosa que pode levá-lo à morte. Basta que não esteja vacinado
e já está susceptível à contaminação.
Surtos Os
surtos de cinomose são esporádicos e, devido à falta de informação e
conhecimento sobre a importância da vacinação, a doença ainda não está
erradicada no Brasil. O veterinário Leonardo Maciel, da ONG Bichos Gerais,
chegou a citar que Belo Horizonte estaria passando atualmente por um surto da
doença diante do grande número de casos que tem atendido em seu consultório particular,
durante debate em que participou a convite da ONG SOS Bichos neste mês de
fevereiro.
O veterinário Marcelo Lobão observa que o número maior de incidências
da doença ocorre posteriormente a períodos de campanhas públicas de vacinação
contra a raiva. Isso porque, segundo ele, como os cães, em geral, não são
vacinadas contra a cinomose, esses momentos são propícios ao contágio entre um
animal infectado e outro sadio, seja na mesa de vacinação ou mesmo pelo número
maior de animais reunidos em um mesmo local.
“Assim começa o surto. Se aparece um caso, a gente já pode se
preparar porque outros vão aparecer na sequencia”, indica Lobão que também
destaca os meses de inverno como outra época propícia para o surgimento de
casos da doença.
Lucky: esta matéria é nossa homenagem a você. Afilhado do Bichos de Companhia que não resistiu à doença e foi nocauteado pela cinomose. O consolo é que ele conheceu pelo menos um pouquinho o carinho de uma família
Sintomas
É que dentre os primeiros sintomas da doença, explica o
veterinário Marcelo Lobão, estão o aparecimento de espirros, tosse, febre,
secreção ocular, algo como se o animal tivesse sido acometido por uma gripe,
que pode gerar uma pneumonia. Os primeiros sinais clínicos da cinomose são observados
por males respiratórios e digestivos. A comprovação vai ser feita por testes de
laboratório.
Lobão também destaca fases em que se pode identificar os primeiros
sintomas clínicos. “A fase da diarreia, com presença de sangue nas fezes, que
dura no máximo três dias e pode passar batido pelo dono. A fase cutânea, marcada
pelo surgimento de pústulas abominais, pequenas espinhas na região. A fase respiratória,
com tosse, espirros, conjuntivite e secreção nos olhos e nariz. E numa fase
posterior, já indicando a gravidade e a evolução da doença, os distúrbios neurológicos
em que são perceptíveis as contrações musculares repetitivas, como tiques
nervosos. As fases não precisam, necessariamente, obedecer essa ordem. E em
todas elas pode ser verificado, ainda, prostração, apatia e até perda de
apetite”, diagnostica.
Tratamento
Importante destacar, frisa Lobão, que a doença tem cura e a eutanásia
somente é indicada quando a doença atinge o estágio neurológico e compromete a
resposta ao tratamento com medicamentos prescritos pelo veterinário, com o uso
de soro específico, dieta leve e limpeza das secreções. Se o animal responde e
é curado, pode, às vezes, ficar com algumas sequelas neurológicas, como as
contrações musculares involuntárias, nada que comprometa a qualidade de vida.
Durante o tratamento, o animal deve ser mantido isolado de outros
animais. Exatamente por isso, algumas clinicas não aceitam fazer o tratamento
no local, mas recomendam, acompanham e orientam o tratamento em casa. A doença
não apresenta nenhum risco ao ser humano. É necessário, porém, que o dono
desinfete suas roupas antes de ter contato com outro animal sadio. O contágio é
somente entre animais e o vírus pode, por exemplo, ser levado na roupa e no
sapato de um cão infectado para outro não infectado.
“A recomendação é lavar a roupa com um pouco de água sanitária,
limpar os sapatos com álcool. O vírus não dura muito no ambiente. É o tempo de
um espirro”, orienta o veterinário.
RELEMBRANDO
Formas de contágio
- Somente entre um animal infectado e outro sadio. Não acomete o ser humano;
- Contato com a secreção da saliva (espirro) e dos olhos;
- Contato com as fezes do animal infectado. Não deixe que um cão sadio cheire as fezes do animal infectado.
Sintomas clínicos
- Tosse, febre, espirro, conjuntivite e secreção ocular e nasal, lesões abdominais, prostração, febre, diarreia passageira com a presença de sangue, perda de apetite, distúrbios neurológicos.
Prevenção
- Manter em dia a vacinação. Cães devem ser vacinados contra a raiva (gratuita em campanhas do governo) e a déctupla (que protege contra outras doenças, inclusive, a cinomose). Gatos devem ser vacinados contra a raiva (também gratuita nos postos) e a tríplice felina.
- Os adultos devem ser revacinados anualmente.
- Os filhotes devem tomar três doses de reforço antes de atingir a fase adulta quando serão vacinados anualmente.
Mais informações
www.cinomose.com.br
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