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sábado, 30 de janeiro de 2010

In Memorian: Mina-NIna


Era véspera do Carnaval de 2008 quando a encontrei na rua. Já à primeira vista era possível perceber o medo em seus olhinhos. Eu estava a caminho para o trabalho e, para variar, atrasada. Não pude dar-lhe muita atenção. No final da tarde daquele mesmo dia, voltando pra casa pelo mesmo caminho lá estava ela novamente, no vão do passeio, junto à Igreja Nossa Senhora das Dores. Várias vasilhinhas de plástico em volta dela ou junto a alguns portões de casas e prédios indicavam que vizinhos deram-lhe comida e água ao longo daquele dia. Mas, ela estava nitidamente em compasso de espera, aguardando o retorno do seu dono, certa de que ele voltaria para buscá-la. Ele não voltou. Passei por ela e parecia que ela queria me dizer que estava realmente ali à espera e que estava com muito medo de ficar sozinha. De viagem marcada para Fortaleza, onde iria passar o Carnaval, não sabia o que fazer. Só sabia que não poderia deixá-la ali. Também não tinha muito tempo pra pensar, tinha uma mala por fazer e a viagem marcada para o próximo dia logo cedo. Voltei em casa, peguei uma guia com coleira e fui até ela. Consegui convencer uma vizinha a ficar com ela até o meu retorno, providenciei ração suficiente para aquele período. Chamei-a de Nina. Bom, a partir do meu retorno de Fortaleza, iniciamos o processo de exames de sangue, hospedagem em clínicas veterinárias e busca por adoção. A doçura e o medo eram as características preponderantes da Nina. Ela tinha medo de tudo e de todos. Mas adorava os meus carinhos e passou a adorar também o carinho da primeira família de adotantes. O problema lá eram as brigas com as outras cadelas. Medrosa, Nina nunca se impunha, nunca batia, apenas apanhava e se machucava toda. Isso, até o dia que decidi que não dava pra ela continuar ali. Mais alguns dias hospedada em gaiolas apertadas em clínicas veterinárias, e conseguimos, finalmente, encontrar uma nova adotante. Parecia e tinha tudo pra dar certo. Jane parecia ser a dona ideal pra Nina que, na casa dela, passou a se chamar Mina. Tudo iria dar certo não fosse a adoção simultânea de outra Nina, uma mestiça de Pit Bull, que passou a se chamar Tuca e da SRD filhotinha Chiquinha. Mina e Tuca disputavam sempre a liderança. Não se davam. Mina não aceitava a liderança natural (pelo tamanho e força) de Tuca. E, na última sexta-feira, 29, aconteceu a tragédia fatal, por vezes anunciada. Mina se foi de forma brutal. Sua carinha de carente, sua doçura, sua alegria, seu olhar de agradecimento por ter um lar, por ter uma nova dona, sua coragem praticamente suicida de não se submeter à liderança natural da mais forte, seus olhos que me reconheciam sempre, por mais tempo que passasse sem vê-la, a partir de agora são só lembranças. No lugar disso tudo ficaram a saudade e a dor. A dor, sobretudo, de ter falhado, de não tê-la tirado de lá a tempo. Tive a oportunidade de fazer isso e não fiz. Ela adorava a nova dona, a nova dona a adorava também. Faltou-me coragem para agir racionalmente e me deixei levar pelo coração à despeito dos instintos dos animais que estavam em jogo. Por isso, minha eterna Nina, eu peço-lhe desculpas e estou certa de que a pureza que transborda em seu coração já me perdoou. Mas estou sangrando, a dor lancinante que você deve ter sentido ao ser brutalmente atacada e morta golpeiam o meu coração de saudade e remorso. O meu consolo é saber que apesar do perigo ao qual estava exposta – e eu tinha ciência disso – estava feliz com sua nova dona, seu primeiro Natal junto a uma família com humanos e também com outros de sua espécie. Eu a visitei e pude ver essa sua felicidade, seu rabinho abanando. O medo ainda lhe fazia companhia – também pudera – mas a sua alegria pela nova casa, por ter o amor de sua nova dona, inclusive, pareciam encorajá-la a enfrentar e brigar por uma liderança da matilha que nunca seria sua por questões óbvias para a percepção de nós humanos, mas que, talvez, na percepção sua percepção enquanto membro da matilha poderia ser viável e por isso você insistia em não se submeter. Falhei, sofri, sofro ainda mais agora com sua ausência e a incapacidade de lhe trazer de volta. Desculpe-me, por favor! Pietra e Pierre, tenho certeza, vão ao seu encontro. E um dia nós todos vamos nos encontrar. Assim eu quero e creio que acontecerá. Agora, pelo menos, acabaram-se as brigas e você não mais sofrer calada, apanhar sem reagir. Amo você pra sempre minha pintadinha.

2 comentários:

  1. Nádia, nós, seres humanos falhamos muitas vezes. Pareço acreditar, cada dia mais, que infalíveis são os bichos. Entretanto, como vc mesmo colocou, existe uma ordem natural na matilha, uma regra interna, e não foi culpa sua a falta de interferência.

    Pode ser que nunca nada acontecesse, pode ser que se vc a tirasse de lá, ela não ficasse satisfeita; pode ser um monte de coisa. Quando somos mães (de humanos), ficamos imaginando um mil horrores que pode acontecer a nossos filhos, mas não podemos interferir em tudo. Isso muitas vezes nos custa a vida deles. Ou você acha que uma mãe deve prender o filho em casa para ele não correr o risco de ir àquela festa, se divertir e entrar num carro bêbado, ou de algum bêbado, por imprudência?! Falhamos muitas vezes, e temos sempre que tentar fazer o máximo que pudermos! Mas não somos responsáveis por todas as tragédias do mundo. Você, como eu, acredita que há algo muito maior e melhor do que aqui. Por isso, ainda que vc não se perdoe por nada disso, saiba que ela está melhor, leve, livre e com muitos amigos.

    É hora de nos unir, Nádia!

    Um beijo

    Cris

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  2. Nádia, tá difícil ver estas fotos... passei quase de lado por elas... ou quase não as vi. estou fraca ainda. eu que sou a mãe da MINA, viu ?!! num vem não. depois voce vai ser minha vizinha, mas ela vai morar comigo pra sempre. olha, eu estou trabalhando e sofrendo. tá difícil com vontade. eu ia trazer a foto hoje para lhe mostrar da tuca; é uma foto muito expressiva, mas ainda não sei o que significa. talvez voce tenha razão, e ela esteja mesmo triste, e naquela hora estivesse ou arrependida ou esperando por um milagre e a mina voltasse daquele lugar de onde ela mesma a matou, de tanto que ela olhava para ali tão fixamente, pensando: eu estava com muita raiva, mas eu não queria te matar, não era pra tanto. já comprei o livro the dog's mind. vamos ver se entendo meus 10% que possam me consolar. mas espero que o deus tempo me acalente a cada dia, até que eu possa perceber isto tudo de uma forma menos monstruosa. nossa menininha piquititinha bachutinha "inpicante" e mandona precisa arranjar uma forma de nos consolar. um abraço e muito obrigada por ontem. quer que eu poste aqui a foto da tuca ?

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